Cuidar de quem amamos é um dos gestos mais puros de amor. Mas, quando o Alzheimer chega e o companheiro de uma vida inteira já não fala mais, o silêncio se torna um novo idioma. A rotina muda, as conversas desaparecem e, por vezes, parece que parte de nós também se perde nesse processo.
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| Eu e Fernando, antes dele ter o diagnóstico do Alzheimer |
É nesse ponto que o amor-próprio se torna essencial. Ele não é egoísmo, é sobrevivência emocional. Continuar se olhando no espelho, arrumar o cabelo, escolher uma roupa bonita, ouvir uma música que faz bem, tudo isso é lembrar-se de que ainda existe você por trás do papel de cuidadora.
Ser mulher vai muito além das palavras que já não se ouvem. É sentir, cuidar, sonhar e seguir. Amar um marido com Alzheimer é viver um amor em silêncio, mas também é viver uma entrega que ensina todos os dias o que é presença verdadeira.
Manter o amor-próprio é encontrar pequenas alegrias no cotidiano: um café tranquilo, uma oração, uma lembrança boa. É saber que, mesmo que ele não fale, o amor ainda está ali, no olhar, no toque, no simples estar juntos.
E, acima de tudo, é não se esquecer de que você continua sendo inteira. Mulher, esposa, cuidadora, e também alguém que merece cuidado, ternura e descanso.
Lucinda Maria Freire Magalhães
Teóloga com Extensão em Aconselhamento Bíblico
✨ Vivências da Lucinda.

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