Nosso estilo de vida influencia profundamente a saúde do cérebro e há cada vez mais evidências científicas de que o uso de álcool e cigarro pode aumentar o risco de demência, inclusive Alzheimer. A seguir, exame dados e estudos que ajudam a fundamentar esse alerta.
- Uma meta-análise envolvendo 37 estudos mostrou que fumantes atuais têm risco aumentado de demência — cerca de 30% maior em relação a quem nunca fumou. O risco para Alzheimer foi estimado em cerca de 40% maior. PubMed+2Sociedade de Alzheimer+2
- Em casos de tabagismo intenso na meia-idade — por exemplo, mais de duas carteiras de cigarro por dia — o risco de demência, Alzheimer e demência vascular mais de duas décadas depois dobrou. PubMed
- As evidências sugerem que o tabagismo contribui para demência por meio de diferentes caminhos: problemas vasculares (que afetam a irrigação cerebral) e dano direto ao tecido cerebral, por processos de inflamação e estresse oxidativo, favorecendo alterações associadas à Alzheimer (como acúmulo de proteínas anormais e degeneração neuronal). SpringerLink+1
- Um ponto importante: ex-fumantes tendem a reduzir o risco, aproximando-se do nível de quem nunca fumou, o que reforça os benefícios da cessação. PubMed+1
Em resumo: fumar — especialmente por muitos anos e em grande quantidade — aumenta de forma significativa o risco de demência. E parar de fumar, ainda que tardio, parece diminuir esse risco.
Álcool e demência: “qualquer dose é arriscada”
A relação entre álcool e demência tem sido objeto de debate por décadas — mas estudos recentes vêm trazendo sinalizações fortes de alerta.
- Uma pesquisa de 2025, com dados genéticos de 2,4 milhões de pessoas e dados de consumo de mais de 500 mil participantes, concluiu que qualquer nível de consumo de álcool estava associado a risco aumentado de demência. Segundo os autores, não há evidência de que consumo leve ou moderado seja protetor — pelo contrário. ox.ac.uk+1
- Para cada aumento de uma a três doses por semana, o risco de demência aumentou cerca de 15%. Uma elevação no risco previsto geneticamente para dependência de álcool resultou em 16% a mais de risco de demência. ox.ac.uk+1
- Um estudo recente no Brasil, da Universidade de São Paulo (USP), analisou cérebros de 1.781 pessoas e identificou que quem consumia oito ou mais doses por semana apresentava risco até 133% maior de danos cerebrais relacionados à demência. InfoMoney+1
- O consumo crônico e excessivo de álcool pode levar a uma série de danos cerebrais — perda de massa cerebral, comprometimento da matéria branca, deficiência de vitaminas (como a vitamina B1) e ao aparecimento de síndromes específicas, como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff — um tipo de demência alcoólica. Sociedade de Alzheimer+1
Portanto: evidências robustas colocam o consumo de álcool como fator de risco para demência. E essa relação parece existir mesmo em níveis que muitos consideram “moderados”.
Por que álcool e cigarro “machucam” tanto o cérebro?
Os mecanismos são variados — e quanto mais cedo e intensamente houver a exposição, maior o risco:
- Problemas vasculares: tanto o tabagismo quanto o uso pesado de álcool prejudicam vasos sanguíneos — comprometendo a irrigação do cérebro e favorecendo demências vasculares. Sociedade de Alzheimer+1
- Dano direto às células cerebrais: as substâncias tóxicas do cigarro provocam inflamação e estresse oxidativo; o álcool, em excesso, pode causar degeneração neuronal, diminuir volume cerebral e prejudicar a comunicação entre neurônios. SpringerLink+1
- Alterações patológicas relacionadas à Alzheimer: alguns estudos mostram que tabagismo e álcool podem favorecer o acúmulo de proteínas como beta-amilóide e tau — responsáveis pelas lesões típicas da doença. SpringerLink+1
- Déficits nutricionais e comorbidades: consumo abusivo de álcool, por exemplo, pode levar a deficiência de vitaminas essenciais (como B1), e o estilo de vida associado a esses hábitos (sedentarismo, má alimentação, outras doenças) amplifica o risco. Sociedade de Alzheimer+1
O que os dados familiares e de vida real valem
Além das estatísticas e pesquisas acadêmicas, há a experiência de muitas famílias — como a sua. Casos de dependência, doenças graves e demência em parentes ajudam a tornar o risco real. A ciência confirma: comportamentos que afetam negativamente o corpo e o cérebro durante décadas têm forte impacto na saúde cognitiva.
Sua história pessoal — pai médico em dependência de bebida, irmão perdido pelo cigarro — não é exceção: é um retrato de como fatores ambientais, comportamentais e de estilo de vida se manifestam tragicamente.
Prevenção é amor ao cérebro: escolhas que fazem a diferença
Com base nas evidências científicas e na experiência de vida:
- Evitar o tabagismo é uma das medidas mais poderosas para proteger o cérebro. Parar reduz o risco — e quanto antes, melhor.
- Reduzir ou eliminar o consumo de álcool também: mesmo doses leves não são isentas de risco. O que pensar como “social” ou “moderado” pode sim pesar sobre a saúde cerebral.
- Adotar um estilo de vida saudável de forma integral — alimentação equilibrada, atividade física, sono de qualidade, estímulo intelectual e social — fortalece a “reserva cognitiva”, ajudando a prevenir demências.
- A educação e a consciência familiar (compartilhar experiências, alertar entes queridos) são poderosas aliadas na prevenção.
Reflexão pessoal: fé, experiência e cuidado
Como alguém que tem vivido de perto os desafios da idade, da fé, e da fragilidade humana — e com muitos anos de estudo e vivência — acredito que nosso cérebro merece cuidado, respeito e amor. A escolha por evitar álcool e cigarro, por valorizar a saúde, o corpo que Deus nos deu, e cuidar da mente com zelo, é uma forma concreta de proteger nossa memória, dignidade, e legado.
Que possamos, juntos, olhar para a vida com sabedoria — cuidando de nós e dos que amamos.
Lucinda Maria Freire Magalhães
Teóloga com Extensão em Aconselhamento Bíblico
✨ Vivências da Lucinda.

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